III ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DE FILOSOFIA
UFPE-UFPB-UFRN
13-15 de junho de 2005 / Recife, Pernambuco
Tema: "Ciência, Existência e Poder"
Os resumos estão organizados em
ordem alfabética.
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Pós - o que? Fazendo-se uso dos valores e parâmetros da
razão iluminista, e da autônoma maioridade da humanidade, pensada por Immanuel
Kant e outros filósofos da modernidade, intenta-se uma crítica à idéia de
ruptura histórica da razão, que teria como resultado a fragmentação cultural,
opondo-se um multiculturalismo unilateral e autárquico à necessária tendência à
unidade na pluralidade do processo civilizatório. Tenta-se também caracterizar o
pós-modernismo, o mais considerável resultado da pretendida fragmentação, como o
último refúgio utópico para o desespero daqueles que se frustraram, no correr do
último século, por impaciência ou por desvio ideológico, na busca uma
alternativa para a democracia liberal de mercado, em sistemas intrinsecamente
totalitários, e, portanto, contrários aos valores da modernidade estabelecidos
pela infindável Revolução Francesa. Por fim, propõe-se uma nova divisão da
história, baseada na alegoria kantiana menoridade/maioridade, que traria uma
solução definitiva para a questão da denominação das várias modernidades. |
Sobre o conceito de idéia em Benedictus de
Spinoza Ao forjar o conceito de idéia o filósofo
Benedictus de Spinoza recorreu ao uso de exemplos da matemática, a fim de evitar
que suas concepções a este respeito se tornassem evidentes e inteligíveis. Neste
sentido procurou enfatizar por diversas vezes que a idéia verdadeira tem a
certeza em si mesma, ou seja, é auto evidente como os recursos utilizados pela
geometria para construção de suas hipóteses. Para este pensador, portanto a
certeza que caracteriza uma idéia verdadeira é a coisa representada
objetivamente no nosso entendimento. Estas considerações a respeito do tema são
desenvolvidas nas seguintes obras deste pensador: na Ética, no Tratado
da Reforma da Inteligência e no Breve Tratado. Spinoza admite a
existência de quatro tipos de idéias: a idéia fictícia, a idéia duvidosa, a
idéia falsa e a idéia verdadeira. O estudo das idéias é fundamental para a
compreensão da filosofia spinozista, posto que nesta, a idéia é parte integrante
e inseparável do método de investigação. Destarte, conhecer a concepção de idéia
neste autor é conhecer seu método de investigação propriamente dito, e, por
conseguinte adquirir capacidade de superação de nosso entendimento a partir da
concatenação das próprias idéias. |
Sobre a pertinência de elementos
metafísicos na pesquisa empírica: uma apresentação do problema Nosso trabalho tem a pretensão de
apresentar um momento específico de nossa pesquisa que, por sua vez, investiga,
sobretudo, a relação entre ciência da natureza (nesse caso, a Física) e
Metafísica. Em outros termos, trate-se da tentativa de compreensão da relação,
muita vezes percebida, entre elementos metafísicos e certas teorias da física. A
nossa intuição inicial é a de que os cientistas, em determinados momentos de
suas pesquisas, levantam questões de caráter filosófico que estão fora dos
limites de sua própria atividade. Por mais que tais problemáticas não sejam
postas claramente dentro do aparato conceitual das teorias, elas são percebidas
a partir do instante em que indagamos pelos pressupostos sobre os quais se
assentam as teorias. Alguns desses pontos de partida são muitas vezes de caráter
metafísico, ou seja, situa-se fora do âmbito empírico, para além dos critérios
de verificação e de falseamento. Dito isso, propomo-nos a analisar os
argumentos, sobre este tema, que Bertrand Russell nos oferece em seu livro "A
perspectiva científica", mais precisamente no quarto capítulo. Aqui o autor
apresenta a "antiga" crença, dos cientistas modernos, num mundo regido por leis
naturais e inexoráveis, mostrando paralelamente a dificuldade em manter tal
postura, levando em conta os avanços da Física contemporânea, em especial, da
teoria quântica. Assim, não pretendemos fornecer, ao cabo de nosso trabalho, uma
resposta definitiva para tal relação (entre ciência e metafísica) que se
articula no nível teórico, tanto no campo da ontologia quanto da epistemologia,
mas sim apresentar o problema filosófico seguindo as indicações de Russell. |
As críticas de Frege as concepções
tradicionais de número e a sua definição de números naturais em
Os Fundamentos da Aritmética As principais críticas de Frege acerca do
conceito de número se dirigem aos empiristas, aos lógicos psicologistas e
ao intuicionismo de Kant Esta comunicação objetiva examinar tais críticas,
empreendidas na primeira parte de Os Fundamentos da Aritmética, a chamada
pars destruens (parte destrutiva). E a partir da análise destas críticas
pretendemos elucidar a parte construtiva de sua obra que começa no parágrafo 55
onde está exposta sua definição de números naturais. |
1º Trabalho Nossa proposta visa apresentar a crítica
de Richard Rorty à concepção platônica de filosofia à luz das suas idéias sobre
a verdade. Para o filósofo, verdade é um tema que não possui caráter cognitivo,
mas serve para melhorar a comunicação entre os falantes, e por isso ele defende
que deveríamos abandonar as teorias sobre a verdade e substituí-las por
descrições contingentes dos usos que fazemos do termo verdadeiro . Ao
considerar que a filosofia não possui um posto de observação privilegiado da
realidade, Rorty advoga que o papel do filósofo é contribuir para estabelecer
pontos de comunicação entre discursos que se tornaram obsoletos e novos avanços
da ciência e da cultura em geral. Ao final do trabalho, apresentamos a defesa
que Rorty faz de uma filosofia anti-fundacionista, que, deslocando as questões
clássicas da epistemologia para o campo da filosofia moral e da política,
contribuiria para a construção de novas imagens da sociedade, mais compatíveis e
úteis para a solução dos problemas contemporâneos. |
O conceito de subjetividade na ontologia
sartreana Trata-se de estabelecer as filiações
filosóficas da noção de subjetividade em Sartre e a posição que ocupa na sua
ontologia. De fato, a partir de sua aproximação e distanciamento crítico face ao
conceito de subjetividade em Hegel, Husserl e Heidegger, Sartre analisa as
relações entre o eu e a consciência, concluindo que o ego não é alguma coisa da
consciência ou que habite nela, senão objeto da consciência enquanto
reflexionante. Posteriormente, através da análise da imaginação, mostrará que a
subjetividade como consciência é liberdade absoluta arraigada no processo
nadificante do mundo como totalidade. Deste modo, antecipa as longas análises do
Pour-soi, que é o ser da consciência ou da realidade humana. |
A LÓGICA MATEMÁTICA, WITTGENSTEIN E A
FILOSOFIA DA LINGUAGEM Através de uma resumida retrospectiva da
Idade Média até meados do século passado, apresentando alguns antecedentes da
lógica simbólica ou matemática, focalizaremos alguns aspectos do quadro de
rejeição ao qual a lógica tem estado sujeita, fazendo para isso rápidas
passagens, no pensamento de alguns dos principais filósofos do período moderno e
contemporâneo, entre os quais Descartes, Kant, Hegel, Husserl, Adorno,
Horkheimer, Marcuse, Gadamer, Apel e Habermas. Nesta retrospectiva nos deteremos
um pouco mais em alguns momentos do pensamento de Wittgenstein, especialmente
nas obras Tractatus lógico-philosophicus e Investigações filosóficas.
Procuraremos, com nossa abordagem, demonstrar que a contribuição do pensamento
de Wittgenstein se efetivou como uma das reações mais significativas às
tentativas de imobilização e de formalização do pensamento, consubstanciadas no
projeto lógico-matemático, e que esta sua reação foi decisiva no processo de
revitalização da filosofia contemporânea e no desenvolvimento, tanto da
filosofia da linguagem ordinária, como da hermenêutica. Palavras-chaves: Lógica
Simbólica, Lógica Matemática, Lógica Formal, Filosofia Analítica, Filosofia da
Linguagem, Hermenêutica. |
O Contexto histórico de Benedictus de
Spinoza Tomando por base os estudos efetuados pela
pesquisadora Marilena Chauí sobre o pensador holandês, Benedictus de Spinoza,
intencionamos com o presente trabalho, situar historicamente o período e a época
em que viveu nosso filósofo, expondo, analisando e interpretando determinados
fatos que podem tê-lo influenciado a ponto de transparecer em sua obra esta
influência, mais notadamente o contexto político e religioso do século XVII. No
campo político, destacaremos o chamado século de ouro holandês, com o apogeu das
sete províncias do norte, no qual ocorreu o rápido desenvolvimento da burguesia
mercantil, com a fundação das Companhias das Índias Ocidentais e,
conseqüentemente, o início do império ultramarino holandês. No âmbito teológico,
destacaremos a tendência então existente no início, a uma suposta tolerância
religiosa, que ocasionará a formação de diversas seitas - algumas delas com
tendências protestantes -, que mais tarde se enfrentariam e modificariam o
cenário político. No entanto, apesar de toda efervescência cultural e da
tolerância político-religiosa, a Holanda enfrenta uma grande turbulência, e
encontra-se completamente dividida internamente por conflitos e lutas de toda
ordem, seja entre os partidos Orangista e o dos Regentes, seja entre as seitas
religiosas, que também lutam entre si, dominando as divergências sociais e
políticas, que por sua peculiaridade, sempre ocorreram sob a forma de conflitos
religiosos e teológicos. É nesta Holanda complexa e contraditória que viveu
Spinoza. Portanto, sua filosofia, tanto ética quanto política, não poderia
ignorar tais elementos. |
CONTROLE, RACIONALIDADE E NEUTRALIDADE
CIENTÍFICA A discussão em torno da racionalidade
cientifica deve considerar quais os objetivos estabelecidos para a ciência. E da
mesma forma que a racionalidade envolve tanto grupos como indivíduos, os
objetivos tendem a ressaltar aquele conjunto de valores e regras fixadas pela
comunidade cientifica para a ciência, tanto quanto aquelas regras fixados por
indivíduos, sobretudo filósofos e cientistas. Igualmente deve ser considerado
que ao longo dos quatro últimos século, isto é, a partir da revolução cientifica
moderna a idéia de racionalidade cientifica tende destacar como valor
fundamental da ciência a idéia de controle da natureza. Neste sentido os
objetivos fixados para a ciência de modo geral querem, entre outras coisas,
apontar a identificação dos meios para a realização desse controle. Assim,
talvez, ao invés de falar como Paul Thagard de objetivos epistemicos e objetivos
práticos, fosse mais apropriado descrever a relação entre racionalidade e
objetivo científicos em termos de controle teóretico e controle prático. O que
remete a análise da questão da neutralidade e da imparcialidade cientifica.
Aquela uma temática ligada a tese do controle prático e esta última uma tese
ligada a idéia de controle epistemico. Em assim sendo o objetivo do trabalho é
apresentar a idéia de controle como um elemento determinante da maneira como se
concebe a racionalidade cientifica a partir do século XVII, daí ressaltando que
muito embora ciência seja imparcial no que se refere ao controle epistemico, não
é neutra no que se refere ao seu controle prático da natureza. |
O SENTIDO ÉTICO EM LEVINAS Temos como objetivo, evidenciar que, para Levinas, o sentido se constitui a partir das relações éticas. Ele toma como ponto de partida uma constatação que tem implicações profundas para a moldura da racionalidade efetivada na tradição filosófica do ocidente: “ a filosofia identifica-se com a substituição das pessoas pelas idéias, do interlocutor pelo tema, da exterioridade da interpelação pela interioridade da relação lógica.” Dessa forma, a experiência do pensar identifica-se como operação abstrata e objetiva. A sua reação a essa identificação da filosofia se expressa como pergunta - “O racional reduz-se ao poder sobre o objeto?” - “A inteligência como ardil, a inteligência da luta e da violência, feita para com as coisas, estará em condições de constituir uma ordem humana?” As perguntas feitas se constituem num profundo questionamento ao primado da objetividade, que nivela coisas e pessoas, ignorando e diluindo a particularidade de cada coisa e de cada pessoa, como sua interioridade subjetiva, numa generalização abstrata. 0 humano é percebido como um ente entre outros entes, um ser anônimo e impessoal que pode ser compreendido pelo sujeito pensante e expresso numa generalidade conceitual. A Humanidade do humano, particularizada no seu corpo, na sua subjetividade, na sua sensibilidade, nos seus desejos, suas relações com os outros, nas dinâmicas de aproximações e afastamentos, no nascer e morrer, transforma-se em conteúdo objetivo-abstrato de um pensamento que os sintetiza, os representa e dá-lhes um sentido racional. Levinas propõe o horizonte do humano onde as relações ética podem tornar-se efetivas como um âmbito possível de consideração filosófica e construção do sentido. A obrigação para com o outro torna-se um locus de sentido eminente que escapa as pretenções de uma racionalidade prisioneira da objetividade e da abstração. A reponsabilidade para com o outro configura um sentido profundo capaz de proocar o pensamento para aquilo que se põe além de suas possibilidades, chamando-o a escuta paciente da voz inaudível do outro, como portadora de um sentido e uma inteligibilidade.
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