III ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DE FILOSOFIA
UFPE-UFPB-UFRN
13-15 de junho de 2005 / Recife, Pernambuco
Tema: "Ciência, Existência e Poder"
Os resumos estão organizados em
ordem alfabética.
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EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA Reconhecemos, vaga e intuitivamente, o termo 'explicação' como um processo através do qual obtemos respostas sobre determinados acontecimentos ou o porquê de certo estado de coisas. Sabemos também que é próprio das investigações científicas alcançar uma concepção explicativa, não a mera coleção de fatos particulares, por mais extensa que seja. O que é pois a explicação científica, qual sua natureza? Uma resposta possível ( e largamente conhecida) está na teoria de Hempel (1965), segundo a qual o fenômeno a ser explicado ( explanandum) seria conseqüência lógica do explanans ( classe de leis gerais e circunstâncias particulares do fenômeno a ser explicado), que por sua vez deve (ao menos em princípio) ser suscetível de comprovação por meio de observações empíricas.Ou seja, as explicações ( tanto as dedutivo-numológicas quanto as indutivo-estatísticas) podem e devem ser concebidas como argumentos dedutivos. Mas será que a explicação científica pode
ser analisada unicamente em termos das relações inferenciais contidas no
explanans e no explanandum? O presente trabalho apresenta uma abordagem
alternativa (Gardenfors, 1988),em que é posta em relevo a noção de
'circunstância epistêmica' através de um modelo probabilístico de estados
epistêmicos o que, tentaremos demonstrar, fornece subsídios para uma crítica da
abordagem tradicional proposta por Hempel. |
Educação: Direito humano ou mera
ideologia A educação, como afirma Kant, “é o maior e mais árduo problema que pode ser proposto aos homens”, pois ela pode ser ao mesmo tempo um meio de construção de uma ordem social mais justa e um meio de escravizar o ser humano a uma determinada ordem social; ao mesmo tempo que liberta, escraviza. Educação é poder. A serviço de quem está
este poder? A educação é de fato o direito de todo ser humano de se constituir
enquanto sujeito ou é uma mera ideologia a serviço da classe dominante, no
intuito de manter o poder? Na tentativa de responder a tais questões, baseado
nas concepções kantianas e piagetianas sobre a educação, foi feito um
levantamento dos fundamentos das concepções da educação enquanto um direito
humano e do processo de construção histórica desta concepção. Por meio de tal
análise conclui-se que a educação é de fato um direito humano, contudo tem sido
usado como argumento para a manutenção do poder pela classe dominante. Com isto,
pensar a educação como um direito de todo ser humano é pensar também uma
estrutura social e política onde este direito possa ser garantido. |
Homem e Cultura No presente trabalho, pretendemos analisar dois aspectos fundamentais, diríamos, essenciais, da subjetividade humana. Trataremos dos temas cultura e desejo enquanto constitutivos e, porque não dizer também, enquanto construção do homem. Cultura e desejo são temas do tipo que nunca perdem sua atualidade; entretanto, chama-nos a atenção as diferentes formas de abordagem e compreensão dos mesmos. Aqui, poderíamos nos perguntar, se todos os temas dignos de tratamento ao longo da história também não foram abordados de maneiras diversas, por diversos autores? E que sendo assim, valeria a pena mais uma vez remexer nesse baú humano? O próprio termo utilizado acima 'cultura civilizada' já geraria por si muitas controvérsias; trata-se, antes, de definir de que forma cultura e desejo podem ser trabalhados a favor da constituição humana. No momento nos limitaremos a essa expressão, pois ainda não verificamos qual e mesmo se há alguma outra que possa substituir-lhe na compreensão da condição humana e dos muitos infortúnios que se atribuem à civilização. Tais infortúnios seriam justos? A civilização com sua ‘culturalização’ limita o homem enquanto ser de desejo? A vivência dos desejos humanos agride o processo de civilização? Esses são alguns dos questionamentos que
pretendemos abordar nesse breve trabalho, e para tanto, partiremos de duas obras
de dois dos maiores pensadores da humanidade: Sigmund Freud e Georg W. F. Hegel.
Utilizaremos respectivamente: O mal-estar na civilização, obra de 1929,
na qual Freud expressa que o mal-estar na civilização é ocasionado pela renúncia
aos instintos sexual e de agressividade; e, Lições sobre a filosofia da
história universal, obra cuja primeira publicação data de 1832, mais
precisamente a Introdução, na qual o filósofo condensa muito do seu sistema
filosófico, buscando elucidar o homem enquanto ente simultaneamente produto e
produtor de cultura. Nesse paralelo, dito aqui de forma rápida, lançaremos mão
de outras obras dos autores citados, a fim de que se tornem mais evidentes
divergências e convergências que possamos encontrar. |
Da crítica à moral ao “sentido da
terra” em Nietzsche A comunicação trata da relação
existente entre moral e verdade na filosofia de Friedrich
Nietzsche. Evidencia, a partir da leitura do prólogo de “Assim Falou
Zaratustra”, que esta relação se caracteriza como uma crítica radical ao
conhecimento racional e a sua pretensão de verdade, ou seja, uma crítica
à idéia de verdade considerada como “valor superior”. Destaca-se, dentro
desta perspectiva, a noção relativa à “morte de Deus” como sendo fundamental
para se pensar o esvaziamento dos valores metafísico-morais da tradição
filosófica ocidental, que até então ocupavam o lugar de fundamento da realidade
(da verdade). Enfatiza-se, tendo por base esta chave de leitura, o
conceito de “sentido da terra” em conexão com o de “super-homem”, como elemento
primordial para colocar em discussão a proposição nietzschiana de uma nova forma
de saber, de uma outra compreensão da noção de verdade. |
Sartre fenomenólogo Trata-se de situar Sartre no âmbito da
fenomenologia, especialmente a partir de referências a fragmentos das obras “A
Transcendência do Ego” e “O Ser e o Nada”, apontando as influências recebidas e
a interlocução estabelecida com Husserl e Heidegger. Em que Sartre se aproxima e
em que ele se afasta das reflexões dos dois grandes fenomenólogos que o
antecederam? De Husserl, tido como o fundador da fenomenologia, Sartre evocará a
centralidade da noção de intencionalidade como atributo da consciência e
criticará a postulação do Eu transcendental, considerado um retrocesso
idealista. De Heidegger, serão os conceitos de autenticidade e historicidade que
Sartre saudará como indispensáveis ao seu próprio pensamento, enquanto negará à
morte e ao futuro o papel privilegiado que lhes é atribuído na compreensão do
Dasein. Busca-se destacar a originalidade da apropriação efetuada por Sartre
de conceitos basilares das obras husserliana e heideggeriana, na construção de
sua própria filosofia, classificada como uma fenomenologia existencial. |
Ética e Conhecimento no TIE de
Espinosa O objetivo da comunicação é analisar a
presença de um projeto ético, como preparação do caminho capaz de permitir um
modo de percepção adequado das coisas. Percebe-se claramente no TIE a
articulação entre o estilo de vida que o filósofo pôde criar e a elaboração de
critérios fundamentais para tal percepção. Sendo assim, a criação de um estilo
de vida e a necessidade de conhecer características da natureza humana,
sobretudo, a força da inteligência serão os pontos centrais da comunicação. A
nossa hipótese é: quanto aos modos de percepção das coisas já apontados no
TIE eles nascem conforme o modo de existir e da experiência parcial de como
os homens podem conhecer. A consideração inicial que chegamos é que a elaboração
de uma nova maneira de viver citada no TIE estava intimamente vinculada
ao trabalho de aperfeiçoamento da inteligência. Para Espinosa teve que ocorrer
uma decisão existencial que o forçasse a descobrir e adquirir o melhor ângulo de
percepção do real. Podemos perceber ainda, que para ele, a constituição de
algumas regras de vida serviram como forma de evitar a subtração da força da
inteligência. Aliás, o problema que nos parece central no TIE é o de como
organizar uma maneira de viver que permita ir ao extremo da capacidade de
conhecimento, isto é, um estilo que procure fortalecer a potência cognitiva do
humano. Nesse sentido, regras de vida e modos de percepção do real remeteriam um
ao outro segundo Espinosa. |
Modos de Percepção e Gêneros de
Conhecimento em Benedictus de Spinoza Na filosofia de Benedictus de Spinoza -
racionalista holandês do século XVII -, um dos temas de maior destaque, é o que
concerne aos “modos de perceber”, que são utilizados para afirmar alguma coisa
de forma indubitável; ou seja, os Modos de Percepção ou Gêneros de Conhecimento.
Fica evidente no discorrer do assunto que se refere, de fato, às formas de
conhecer usadas em toda a tradição filosófica. A relevância do tema evidencia-se
no fato do assunto ser abordado em três de suas obras: no Breve Tratado,
no Tratado da Correção do Intelecto, e na Ética. Inicialmente
nossa análise será restrita às duas últimas obras citadas. Assim, os dois
primeiros modos de percepção no Tratado da Correção do Intelecto -
equivalentes aos que pertencem ao primeiro gênero de conhecimento na Ética
- são, segundo Spinoza, a espécie de conhecimento que se adquire pelo “ouvir
dizer” e pela “experiência vaga”, respectivamente, não podendo assim servir como
qualquer critério de verdade, além de serem a causa de nossos erros. Para efeito
de comparação, podemos chamar o primeiro por “fé” e o segundo por “conhecimento
indutivo”. O terceiro modo de percepção, ou segundo gênero de conhecimento, será
o método “dedutivo” que, apesar de apresentar-se como seguro e também necessário
na busca da “verdade” - pois é por ele que concluímos a partir de uma universal
sem perigo de erro -, não é ainda o mais perfeito, pois não é capaz de perceber
por si as essências das coisas. Por fim, o quarto modo de percepção, ou terceiro
gênero de conhecimento, ao qual o filósofo denominará por conhecimento
intuitivo, ou simplesmente, intuição, é o único que compreende a essência
adequada da coisa, sem perigo de erro. É também este último, o conhecimento pelo
qual devemos nos esforçar ao máximo para usá-lo, já que é somente através dele
que a coisa é percebida por sua essência unicamente ou por sua causa próxima.
Num segundo momento, restringiremos nossa análise no presente trabalho, ao
Tratado da Correção do Intelecto, com o intuito de buscar esclarecer os
possíveis pontos obscuros que possam eventualmente surgir na leitura desta ou
das demais obras que tratam do assunto. |
Rousseau e a razão iluminista O trabalho tem como objetivo refletir
sobre a real efetividade do período iluminista, através da leitura e análise do
pensamento de um de seus mais ilustres filhos: Jean-Jacques Rousseau. O período
iluminista, marcado pela razão e por uma supremacia da dignidade e da liberdade
do homem, conhecido na história como “Século das Luzes”, pretendia retirar o
homem das trevas medievais na qual a razão era vítima da imposição teológica que
podava as possibilidades filosóficas e científicas de então, ao restringir o
pensamento ao campo religioso, tornando a Filosofia submissa da Teologia. Esse
período de luzes proporcionou um vasto horizonte de oportunidades, tanto para a
filosofia quanto para a ciência e outras áreas do conhecimento, sendo subsidiado
pela razão e conduzido pela liberdade, que era o bem maior reivindicado por
todos. O que torna Rousseau especial dentro desse período determinado pela
razão, que tudo clareia, é sua postura diante dessa tão pretensa forma de
conduzir o pensamento e a vida. Rousseau não considerava a razão como única
forma de retirar o homem de seu estado de servidão. Ele via a razão como
traidora dos verdadeiros interesses do homem, legitimando seu estado de opressão
e escravidão. Para ele, o iluminismo, com todo o seu brio inovador, não pôde
libertar o homem de suas amarras, sendo incapaz de solucionar o problema da
liberdade de forma eficiente e verdadeira. O que pretendemos nesse trabalho é
compreender como e por que as idéias de Rousseau são consideradas fortes pontos
de reflexão sobre aquela que, ainda hoje, impera absoluta sobre os pensamentos:
a razão. |
A questão da Unidade Ontológica na Física
Moderna Steven Weinberg, Nobel de Física de 1979 e
autor do livro: The First Five minutes, publicou um artigo na Edição
Especial N. 8 da Scientific American do Brasil, 2005, intitulado: À procura
de um universo unificado, no qual ele afirma que “O objetivo primordial da
física é entender a Natureza de forma unificada” e faz um resumo de como a
Física Moderna tem-se empenhando na busca de uma teoria que unifique as forças
fundamentais da natureza bem como sua estrutura originária. Nos dois últimos
anos temos nos empenhando em conjunto com o Prof. Witold Skwara (como bolsista
do PIBIC) a trabalhar na área de Filosofia da Natureza e da qual nossa
monografia (em execução) aborda, em sentido estrito, a questão da unidade
ontológica no pensamento de Heisenberg e dos Pré-socráticos. Nosso intuito não é
trabalhar este aspecto essencial da nossa monografia, mas trabalhar em sentido
amplo a questão da unidade ontológica, tal como Steven Weinberg ressalta em seu
artigo. De um modo geral, Einstein passou os últimos três últimos anos de sua
vida em busca de sua teoria, embora errada, do campo unificado. Heisenberg, em
seu livro Física e Filosofia, acredita poder pensar a estrutura
fundamental do real a partir de uma substância originária (tal a arché
dos pensadores originários) que em alemão ele chamou de Urmaterie.
Stephen Hawking aborda aquela que tem sido conhecida como a Teoria da Grande
Unificação, em seus livros famosos, O Universo numa casca de noz e
Uma breve história do tempo, uma teoria que unifique física quântica e
teoria da relatividade geral. Brian Greene, autor do livro O Universo
Elegante é um dos grandes defensores da teoria das supercordas que pretende,
embora não comprovado ainda experimentalmente, superar as dificuldades de
unificar as três forças do Modelo Padrão com a teoria da relatividade geral.
Acreditamos que a Filosofia não pode passar indiferente aos avanços da física
moderna. Nossa modesta pretensão é contribuir para tornar fecundo este diálogo
entre Física e Filosofia que, em sentido estrito, esteve na origem do pensar
filosófico, através dos pré-socráticos. |
O Líder do Século XXI - Ética do
Reconhecimento como um novo Paradigma do agir no “mundo-do-trabalho” O autor se propõe a apresentar uma leitura filosófica da conjuntura atual, enfocando o entrelaçamento das dimensões econômica, política, social e do sistema educacional na formação das lideranças políticas e empresariais, destaca em sua crítica que a formação da liderança no modelo atual está aprimorado em a)prover aos líderes de uma erudição vazia; b) capacitar os líderes com uma instrumentação técnica que os transforma em máquinas de re-produção de idéias; c) instrui numa cultura sem capacidade crítica que enaltece um não-pensar e uma obediência cega aos preceitos do consumo; e d) conduz o líder a uma perdad da dimensão de profundidade autêntica.A partir daí propor um questionamento e uma alternativa ética, tomando como fio condutor e paradigma a dialética do reconhecimento de inspiração hegeliana, articulando seus elementos, categorias e conceitos, redimensionando a compreensão do homem e do seu mundo na perspectiva de uma sociedade cuja diferença ontológica entre os homens não se converta em diferença geradora de desigualdades sócio-econômicas promotoras de injustiça.
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