Rainha de copas: cortem-lhe os livros!

Desde o dia 16 de fevereiro algumas notícias começaram a surgir envolvendo o nome da atual primeira-dama da república brasileira. A biblioteca presidencial passará por uma reforma com o intuito de melhor comportar o projeto pátria voluntária, da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Mas para que Michelle pudesse ficar mais confortável, era necessário remover livros da biblioteca e estes foram acomodados no chão, em um corredor, sendo um acervo que conta com uma grande quantidade de livros antigos e frágeis. Há alguns meses, de acordo com registros oficiais, uma reforma no valor de R$330.000 já havia ocorrido com o mesmo objetivo, fontes ainda afirmaram que raramente Michelle aparecia no local.

         O atual governo brasileiro sofre com protestos e reclamações de maneira recorrente, principalmente no que tange questões educacionais. Como fatos pode-se citar, ainda, a grande confusão para validar o SISU, forma de ingresso em ensino superior  público; erros na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); e, em uma realidade mais próxima desta autora, a suspensão de disciplinas educacionais por falta de verba para a contratação de professores substitutos.

         A falta de cuidado com os livros da biblioteca presidencial – que por sinal possui um acervo de grande valor para a memória da democracia brasileira recém-nascida – para acomodar a primeira-dama é um reflexo direto do que tem ocorrido com a educação pública no país. Para além de a falta de preparo para lidar e pensar questões educacionais, faz parte de um projeto maior que busca dificultar o acesso à informação e à educação para aqueles de menor poder aquisitivo.        

Lutar por uma educação pública de qualidade é dever de todo cidadão brasileiro, bem como cobrar atitudes responsáveis e transparentes de seus gestores, o que também não ocorre no caso de Michelle Bolsonaro, quando o planalto decidiu não trazer à público quanto foi gasto – do dinheiro público – para destruir meia biblioteca. Muitas vezes a Bücherverbrennung, queima de livros, não se faz presente em seu sentido literal, mas paulatinamente, e é preciso se manter atento e firme para que a fogueira não se torne grande demais.

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