O Papel do Estudante da Filosofia Política de Walter Benjamin
Viviane Sueli Paixão da Silva
UECE
Numa interpretação do pensamento de Benjamin, podemos dizer que o estudante
representa um protótipo da sociedade moderna. Enquanto tábua de salvação da
humanidade, o estudante abandonou uma por uma todas as peças do real saber.
Passou a viver uma pseudo-realidade dentro da universidade, criando para si
um espaço imagético-ilusório, de um saber fragmentado que não dá conta
sequer de sua própria realidade. Sua existência passa a ser fundada no
caráter mercantil. Enquanto mercadoria, ele deve garantir sua sobrevivência
como força de trabalho. Ou seja, há um domínio da profissão. No espaço
homogêneo e vazio da história como progresso, ele se apodera de forma
acrítica dos conteúdos, encontrando apenas no dever, na obrigação, a força
motriz das suas ações. Assim, os estudantes, hoje, não são capazes nem mesmo
de compreender a questão da vida científica e até que ponto ela implica um
protesto insolúvel contra a vida profissional de seu tempo. A
obrigatoriedade move o estudante. É o dever de ser ético, o dever de servir
a sociedade. Não existe uma consciência ativa. Ele se move como o homem na
multidão, respeitando apenas o lado que é seu. Ele não tem a noção do dever
com o outro ou consigo mesmo, respeita apenas uma obrigatoriedade ética
imposta pela sociedade. Enquanto isso, na universidade, professores e alunos
passam uns pelos outros sem nunca se enxergarem. Não há uma tentativa de
capturar a experiência, a verdade, ou sequer a ciência enquanto saber porque
não há a consciência do que isto realmente significa. A profissão não
resulta da ciência. Seu vínculo com o verdadeiro saber extinguiu-se
juntamente com a experiência. Experiência esta que se extinguiu de forma
universal e que como conseqüência atinge também a universidade. Há aqui uma
deformação do espírito criador. Enquanto local de resgate da experiência, a
universidade desviou-se de seu valor. Sua função é tão somente orientar o
homem para sua colocação no mundo enquanto mercadoria. A tentativa de
participação social aparece como algo mecanizado, como uma das funções a
cumprir no mundo. O estudante precisa perceber que não importa que a
totalidade desse trabalho seja, na verdade, de uma utilidade vazia e
genérica, mas que ele exija, apesar de tudo isso, o gesto e a atitude de
amor.
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As Contradições do Multiculturalismo Liberal
Washington Luiz Martins da Silva
UFPE
O multiculturalismo liberal defende que as pessoas têm uma condição humana
comum e uma igualdade natural que faz com que concorramos, em igualdade de
condições, na hora de adquirir recursos. Os grupos que ocupam posições
desiguais diante de outros passam pela falta de oportunidades sociais e
educativas no momento de competir de forma igualitária. Para o
multiculturalismo liberal, as diferenças de etnia, de classe social e de
gênero não são importantes perante o interesse exclusivo pela semelhança.
Essa idéia freia e debilita os objetivos democráticos, fomentando a
despolitização e a descontextualização dos problemas sociais.
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O Conceito de Vontade de Kant e Lévinas
Wescley Fernandes Araujo Freire
UECE
A partir da leitura das obras Fundamentação da Metafísica dos Costumes
(1785), de Immanuel Kant (1724-1804) e Totalidade e Infinito: ensaio sobre a
Exterioridade (1961), de Emmanuel Lévinas (1906-1995), o presente estudo
visa apresentar o conteúdo do conceito de Vontade, bem como seu lugar na
filosofia moral destes pensadores, confrontando e refletindo acerca das
noções de “autonomia da vontade” (Kant) e “vontade heterônoma” (Lévinas),
ambas entendidas, na perspectiva de cada autor, enquanto pressuposto da
moralidade.
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Diafania do “Meio Divino” no Universo
Witold Skwara
UFPE
A intuição do Padre Jesuíta, paleontólogo e geólogo, de caráter
pan-en-teista, a envolver ao mesmo tempo, a imanência e a transcendência,
apresenta a “textura” sideral e a “Terra-Viva”nela inserida, como um “Meio
Divino”, repleto de majestade e de sagrado. Deste modo, tal convicção,
principalmente hoje, torna-se um “farol” de apoio e de sustentação para os
militantes no campo da Ecofilosofia.
A partir dos “abismos” insondáveis do Mundo nos quais habita, o Ser Supremo,
“Alfa e Ômega”, não só epifaniza mas também diafaniza a sua presença, isto
é, faz transparecer os próprios atributos de que se reveste: Onipotência e
Consistência, Energia e Espírito.
No “corpo” do Universo em que resplandece o “Meio Divino”, fluem duas
correntes entrelaçadas num abraço dialético e complementar: uma é a
omegalização que “tudo” polariza e centrifica; outra é a amorização que
“tudo” unifica e diferencia, permitindo assim emergir o “nome” e o “rosto”
de um Deus, Vivo e Pessoal.
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