O Grupo de Estudos sobre a Questão Indígena no Rio Grande do Norte — Grupo Paraupaba (GP) — foi criado em fevereiro de 2005 no Museu Câmara Cascudo (MCC-UFRN). No dia 1º fevereiro de 2005, aconteceu uma reunião no Museu Câmara Cascudo com a participação do então presidente da FUNAI, o antropólogo Mércio Pereira Gomes. Participaram dessa reunião: Jerônimo Medeiros, diretor do MCC-UFRN, e Jussara Galhardo, servidora do MCC-UFRN que à época estava cursando mestrado em Antropologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na reunião, estavam também presentes representantes das comunidades indígenas do Amarelão (João Câmara/RN) e do Catu (Goianinha e Canguaretama/RN), representantes de órgãos governamentais, o representante da Fundação José Augusto (FJA) e o representante do mandato do Deputado Estadual Fernando Mineiro (PT-RN). Após essa reunião, ficou decidida a formação de um grupo de estudos e de ação voltado para trabalhar com a temática indígena no RN. Esse encontro foi considerado como a primeira reunião do Grupo.
Não obstante, a formação do GP representou o esforço e o interesse de artistas e pesquisadores da UFRN e de colaboradores, bem como de simpatizantes da causa indígena que atuavam no Centro de Estudos dos Povos Indígenas (CEPI), criado em 1998, sob a coordenação de Jussara Galhardo e Emanoel Amaral. A partir do CEPI, diversas ações foram desenvolvidas no intuito de divulgar a história e a cultura dos povos indígenas no Nordeste e no Brasil como um todo. Uma das primeiras atividades do CEPI ocorreu na 50ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na UFRN em 1998. Dentro da programação da SBPC, aconteceu a I Semana Brasil-Indígena: 500 anos de resistência.
Os integrantes do GP, que já incluía em sua formação professores, servidores técnico-administrativos, estudantes da UFRN e indígenas do RN, compartilhavam a preocupação em debater e construir espaços e oportunidades para reflexão sobre a questão indígena no Rio Grande do Norte.
O GP tem acompanhado e apoiado os processos de autoafirmação étnica e seus desdobramentos políticos no cenário regional, contribuindo, de modo significativo, para a visibilidade política das comunidades indígenas no RN através de estudos e eventos políticos importantes, tais como: audiências públicas (2005 e 2008), uma assembleia indígena (2009), fóruns de discussões, exposições e eventos culturais, diagnósticos, programas e projetos de extensão e produção de material voltado à divulgação do protagonismo político de grupos familiares que estejam se reconhecendo como indígenas no Rio Grande do Norte.
Considerando o relevante trabalho do Grupo Paraupaba no contexto das mobilizações étnicas e políticas do RN, bem como no registro de tais mobilizações e de outras ações realizadas ao longo desse tempo, estamos disponibilizando parte do acervo que está sob sua guarda. Fruto da parceria com o referido grupo através do contato com sua fundadora e atual coordenadora, a antropóloga Jussara Galhardo, a disponibilização de parte significativa do acervo do GP — que inclui relatórios, folders, cartazes, registros audiovisuais (fotos e vídeos) e outros documentos — será muito importante para a compreensão dos processos e da organização política dos povos indígenas do RN.