Potiguara do Catu

Potiguara do Catu

A comunidade indígena Catu, da etnia Potiguara, é situada em dois municípios, Canguaretama e Goianinha. Segundo relata o Cacique Luiz Catu sobre a origem da aldeia, os Catu vieram do antigo aldeamento de Igramació, no século XVIII, subindo em meio a mata fechada por entre Sibaúma e a Barra do Cunhaú, onde deságua o rio, até as nascentes.

Atualmente, a comunidade conta com 142 famílias e uma população de 726 pessoas autodeclaradas indígenas. A agricultura é a atividade econômica que predomina. Cultivando feijão, milho, macaxeira e, principalmente, a batata doce, o povo Potiguara do Catu aproveita o solo fértil do vale produzindo alimentos para o próprio consumo e para o comércio nas feiras e demais locais de venda da região. A caça e a pesca, que outrora tiveram lugar central, passaram para segundo plano devido ao intenso desmatamento provocado por canaviais que disputam as terras indígenas desde o começo da colonização e das relações interétnicas entre europeus e indígenas. A coleta de frutos, como a mangaba, também está sendo afetada pelos conflitos socioambientais ocasionados por empreendimentos como as usinas e a monocultura.

Assim como a Festa da Castanha do Amarelão e a Festa do Milho de Sagi-Trabanda, os Potiguara do Catu realizam anualmente no dia de todos os santos — primeiro de novembro — a Festa da Batata. Um evento que demonstra a capacidade de articulação e a força indígena para se relacionar com diferentes instituições e grupos e enfrentar situações adversas, como a necessidade de transformar os hábitos de caçadores coletores para agricultores devido à destruição ambiental perpetrada pela monocultura de cana-de-açúcar. Essa realidade foi relatada na Festa da Batata de 2018, quando o Cacique Luiz e o Canina, guia turístico local, afirmaram que a dificuldade para coletar mangaba e outras frutas nativas é maior a cada dia que passa devido ao agronegócio e ao desmatamento local.

Os hábitos pretéritos e contemporâneos são abordados na educação escolar indígena dos Potiguara do Catu, que têm a única escola indígena no RN reconhecida oficialmente pelo MEC (Ministério da Educação). Reconhecimento este que levou oito anos para ser obtido, segundo relato do cacique. O idioma tupinambá ou tupi antigo é estudado com as crianças na Escola Indígena Municipal João Lino Silva como um esforço sociolinguístico para o fortalecimento da identidade Potiguara do Catu. “Catu” significa “bom”, “agradável”; “canguaretama” quer dizer “a região dos ossos”, “cemitério”. Segundo o Cacique Luiz, tal nome faz referência à luta e resistência indígena. A cosmogonia do grupo aparece nos estudos e na prática do Toré com as/os estudantes da escola indígena. A história oral também é conteúdo fundamental da educação diferenciada aplicada no Catu. Mensalmente, o ritual da lua cheia é praticado: são reuniões feitas na mata ou na casa de algum indígena do Catu para trocar experiências, dançar e cantar o Toré. Ademais, as pinturas corporais da comunidade indígena do Catu também representam a reafirmação étnica do grupo. As plantas comumente usadas na preparação das tintas são o jenipapo e o urucum. As cores mais escuras são usadas nos momentos de batalha ou protesto, enquanto que as claras e suaves simbolizam a alegria. Os principais animais simbolizados nas pinturas são o peixe, o jabuti e a cobra.