O revisionismo histórico e seus efeitos no ensino de História

O mangá (quadrinho japonês) My Hero Academia se envolveu numa polêmica por seu autor denominar um dos vilões sem considerar o peso histórico envolvido no nome escolhido. Consequentemente, muitos de seus leitores ficaram decepcionados e a obra foi até mesma retirada de grandes vias do mercado chinês. O blog Rukh no Teikoku publicou 2 artigos sobre o assunto: “Vamos Problematizar? | A falta de consciência histórica de Horikoshi Kouhei, autor de Boku no Hero Academia” e “Vamos Problematizar? | A influência do revisionismo histórico japonês nos animes e mangás: a controvérsia de Boku no Hero Academia é apenas um reflexo de um problema muito maior”, falando sobre o revisionismo histórico e suas consequências em obras da cultura pop asiática, o que me motivou a escolher o tema para abordar nesta notícia.

   Em países como Japão e China, a História é bastante presente na cultura cotidiana e a falta de consciência histórica sobre alguns acontecimentos se dá pela política de revisionismo histórico de seus governos. Nas escolas, não se fala sobre certos eventos históricos e também prevalece o aspecto nacionalista no ensino de História: tanto no discurso do corpo docente como no dos livros didáticos, fortalecendo o sentimento “anti-estrangeiro” da população. Essa ideologia neoliberalista vem sendo implantada atualmente pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, do grupo nacionalista e conservador Nippon Kaigi. Uma das principais práticas de sua ideologia é o silenciamento acerca do Massacre de Nanquim, que foi um ataque massivo do império japonês contra o território chinês de Nanquim no período da Segunda Guerra Mundial traduzido por milhares de assassinatos e estupros contra a população chinesa. Ainda nos dias de hoje, é um tabu para os japoneses comentar esse acontecimento e ele não aparece em livros didáticos. A tentativa de remilitarização no Japão hodierna por Abe também reforça a política revisionista e mantém a imagem “pacífica-ativa” do país.

   Trazendo essa abordagem para a situação atual do Brasil, é notável a tentativa do governo de também querer “fortalecer o sentimento patriota” e aplicar o revisionismo histórico no âmbito educacional, como a negação do período ditatorial civil-militar. A partir disso, como pensar um futuro do ensino de história com a implicância de políticas de silenciamento, negacionismo e revisionismo histórico no Brasil?

texto: Ariane Miranda

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